Em alusão às comemorações dos 200 anos de Alagoas, o Conselho Editorial do Senado Federal montou um estande na 8ª Bienal do Livro de Alagoas com um espaço dedicado exclusivamente a obras com a temática dos aspectos históricos e culturais do Estado.
No total, são 14 livros, todos publicados pelo Conselho Editorial e que fazem um amplo panorama pelos vários aspectos históricos e sociais de Alagoas. A coleção engloba títulos como ABC das Alagoas – Dicionário Biobibliográfico, Histórico e Geográfico de Alagoas, de Francisco Reinaldo Amorim de Barros, pesquisador e cientista político, que percorre com precisão e leveza a história, a geografia e a cultura alagoanas; A Presença Holandesa – A História da Guerra do Açúcar Vista por Alagoas, de Douglas Apratto Tenório, um ensaio que traz nova interpretação para a resistência à invasão holandesa que se deu em Alagoas; e Legba – A Guerra Contra o Xangô em 1912, de Fernando Antônio Gomes de Andrade, uma nova leitura para a quebra dos terreiros religiosos pela Liga Democrática no início do século passado.
“Sinto-me bastante honrado como escritor e cidadão por possuirmos um espaço dedicado a autores alagoanos por parte da editora do Senado que é uma das mais respeitadas do país, sendo reconhecida pela qualidade de suas publicações. Só temos a agradecer esta homenagem na pessoa do senador Renan Calheiros por incluir autores alagoanos neste projeto”, afirmou o escritor Douglas Apratto.
Segundo Jairo José Campos da Costa, reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e autor de A Herança Indígena junto ao historiador Douglas Apratto, é uma grande satisfação ter a obra alcançando essa abrangência por meio do estande do Senado.
“A editora do Senado conquistou um espaço na intelectualidade brasileira como uma editora voltada para a história e cultura, e o livro A Herança Indígena estar incluído neste espaço e atingir milhares de pessoas é de grande honraria para nós”, disse.
Com o intuito de reforçar o hábito da leitura em leitores antigos e na formação de novos, a população que passava pelo local aprovou a iniciativa de promover autores alagoanos no ano da comemoração do Bicentenário.
“Achei maravilhoso esse mergulho na nossa história através desse material de qualidade. Vim pesquisar e achei muitas novidades, fundamental para nós alagoanos”, afirmou o ator Chico de Assis.
No estande do Senado foram disponibilizados 240 publicações literárias de referência histórica e cultural do Brasil, de autores e colaboradores do Senado, impressas pela Gráfica do Senado. Ao final do evento, no dia 8 de outubro, o Conselho Editorial fará a doação de cerca de mil livros à Biblioteca Pública Estadual de Alagoas (Praça Pedro II s/n).
Confira a relação dos livros em exposição:
ABC das Alagoas – Dicionário Biobibliográfico, Histórico e Geográfico de Alagoas. Francisco Reinaldo Amorim de Barros. Durante quatro anos o pesquisador e cientista político Francisco Reinaldo mergulhou no universo alagoano. O resultado desta pesquisa é um alentado dicionário, publicado em dois volumes, que, se não esgota todo o assunto, tornou-se base indispensável para quem deseja conhecer Alagoas profundamente. “Há muito que o Brasil necessita de uma obra de amplo espectro, abrangente e audaciosa que cumpra com a pretensão de cobrir todos os fenômenos da vida nacional e retê-la numa enciclopédia da cultura brasileira. Este livro fornece material e exemplo a fim de que este projeto de produção biobibliográfico e de conhecimento sistemático da nossa realidade se consubstancie e tenhamos uma rede de informações tão generosa e ampla que permita se ler o Brasil em suas páginas”, no dizer do ex-senador, escritor e acadêmico José Sarney.
Delmiro Gouveia e a Educação na Pedra. Edvaldo Francisco do Nascimento. O empresário Delmiro Gouveia sempre se destacou pela ousadia de seus projetos. Neste livro o historiador e educador Edvaldo Francisco do Nascimento revela como, a partir de uma proposta educacional inovadora para a época, Delmiro criou um eficiente ciclo de inclusão social em pleno sertão alagoano.
Um Diplomata na Corte de Inglaterra. Renato Mendonça. Um amplo retrato da diplomacia brasileira durante o Segundo Império, o volume retrata a vida e a ação de um dos mais emblemáticos diplomatas brasileiros, Francisco Inácio de Carvalho Moreira, o Barão de Penedo, destacando sua passagem pela corte britânica. Para o ex-chanceler Celso Amorim, “a obra de Renato Mendonça contribui para informar o público interessado sobre fatos de relevância para a compreensão da política externa no Segundo Reinaldo. (…) O resultado é compensador e nos permite apreciar em maior detalhe o papel de Penedo como representante diplomático na capital da maior potência mundial da época.”
Origens da Legislação Trabalhista Brasileira – Exposição de Motivos de Lindolfo Collor. Organização: Mário de Almeida Lima. Logo após a Revolução de 1930, sob o comando de Getúlio Vargas, o Brasil sofreu uma profunda modernização nas relações entre capital e trabalho. Coube ao então Ministro do Trabalho, Lindolfo Collor, sistematizar todo o material legal que resultou na Consolidação das Leis do Trabalho. “As Exposições de Motivos mostram o Brasil de sua época e contêm estudos avançados e comparativos da legislação internacional, apontando para um entendimento sociológico da realidade na década de 1920 e no começo dos anos 30, do direito do trabalho, da sociologia das massas e da História, com seus usos e costumes. São peças de estudo do movimento operário, do conflito entre patrões e empregados, das vicissitudes do trabalho em nosso país e das lutas e contradições do trabalhismo no Brasil”, segundo o Senador Fernando Collor de Mello, neto do autor das Exposições.
Garibaldi e a Guerra dos Farrapos. Lindolfo Collor. Revolucionário nato, o italiano Giuseppe Garibaldi teve participação efetiva e fundamental na história brasileira. Foi ele um dos comandantes dos revelados da Revolução Farroupilha, que lutavam pela independência do território do Rio Grande do Sul e pela criação de um estado republicano. O sonho da nova república não vingou, mas a marca do general italiano ficou para sempre no imaginário da região, como bem demonstra o texto de Lindolfo Collor.
A Presença Holandesa – A História da Guerra do Açúcar Vista por Alagoas. Douglas Apratto Tenório. O território hoje pertencente a Alagoas teve fundamental importância na resistência à invasão holandesa (1630-165). Basta lembra que ao sul da capitania de Pernambuco, no período, solidificou-se a cultura do açúcar e o Quilombo dos Palmares, apesar de ser este um tempo de constantes conflitos. O livro do professor e historiador Douglas Apratto relata os fatos históricos e as heranças deixadas por eles.
Fábrica da Pedra. Pedro Motta Lima. Romance histórico contando a saga do industrial Delmiro Gouveia para implantar no sertão alagoano uma indústria e um sistema gerador de energia elétrica. A implantação do projeto promoveu uma revolução social na região. A fábrica sobreviveu por mais treze anos depois do assassinato de industrial em 1917.
Legba – A Guerra Contra o Xangô em 1912. Fernando Antônio Gomes de Andrade. No dia 1º de fevereiro de 1912 um grupo denominado Liga Democrática invadiu os terreiros de religião afrodescendente em Maceió. Era uma reação às ligações políticas do ex-governador Euclides Malta, que recebia apoio dos descendentes de africanos. Todo material apreendido então está preservado na Coleção Perseverança no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. O médico e pesquisador Fernando Gomes estudou todas aquelas peças para contar a história real da injusta perseguição.
O Senhor da Pedra – Produções e Usos das Memórias Sobre Delmiro Gouveia (1940-1980). Dilton Cândido Santos Maynard. O assassinato do empresário Delmiro Gouveia criou, inicialmente, uma cortina de silêncio em torno de sua vida e obra. Aos poucos, sobretudo a partir da década de 1940, este silêncio foi sendo rompido e a importância de Delmiro resgatada. Daí nasceu o mito. É sobre a construção dessa nova interpretação dos feitos do empresário que Dilton Maynard se debruça neste livro.
Alagoas: A Herança Indígena. Douglas Apratto Tenório e Jairo José Campos da Costa. Coletânea de artigos analisando a história indígena em Alagoas e suas heranças, com ênfase à situação atual deste povo. Hoje sua luta, além do clássico conflito pela posse da terra, se volta à reconstrução de sua identidade como nação. São textos questionadores, mas, sobretudo, indicadores de um futuro possível.
A Presença Negra em Alagoas. Douglas Apratto Tenório e outros. Historicamente é de suma importância a presença negra no território alagoano. Desde a vinda de levas de escravos para a implantação da cultura do açúcar, passando pelos gritos libertários do Quilombo dos Palmares, Alagoas é um ponto básico de estudos e reflexões sobre a herança que nos legaram estes povos. Os textos reunidos nesse volume procuram mais uma vez refletir sobre a importância destas marcas do nosso passado.
Caminhos do Açúcar – Engenhos e Casas-grandes das Alagoas. Douglas Apratto Tenório e Cármen Lúcia Dantas. Os antigos engenhos de açúcar, a partir da sesmaria concedida por volta do ano de 1537 a Cristóvão Lins na região de Porto Calvo, fundaram a cultura alagoana. Nos textos deste livro, marcado por um excelente registro iconográfico, os historiadores Douglas Apratto e Cármem Lúcia fazem o percurso histórico necessário para reconhecer as heranças e as possibilidades de um ciclo econômico ainda determinante para Alagoas.
Arte Sacra de Alagoas – Um Tesouro da Memória. Douglas Apratto Tenório, Leda Maria de Almeida e Cármen Lúcia Dantas. A devoção religiosa chega às Alagoas a bordo das antigas caravelas portuguesas. E aqui encontrou terreno fértil. Desde a reverência a São Francisco de Assis, que em 1501 batizou o rio descoberto por Américo Vespúcio, até as afeições religiosas mais modernas, como aquela que se dedica ao Padre Cícero Romão, o alagoano vive de sua fé. E traduz este sentimento em arte e arquitetura. Este é o registro feito pelos autores do livro tão fundamental para o conhecimento cultural das Alagoas.
Rio São Francisco das Alagoas – Histórias, Lendas, Terra e Gente. Douglas Apratto Tenório, Cármen Lúcia Dantas e Rochana Campos. No dia 3 de outubro de 1501, a mando do rei português, o navegador florentino Américo Vespúcio encontrou a foz de um imenso rio a que batizou com o nome de São Francisco. A partir deste fato começou a construção da rica histórica, marcada por lendas, da ocupação daquele importantíssimo curso de água. Percorrendo este caminho até a cachoeira de Paulo Afonso, os autores desvendam e revelam uma das mais ricas e bonitas manifestações culturais das Alagoas.