Do alto de uma das novas escadarias da grota Poço Azul, irmã Zeza observa o colorido das casas e lembra como eram as coisas antes da chegada do Vida Nova nas Grotas comunidade: a falta de infraestrutura, a dificuldade de acesso, a ausência de equipamentos que facilitassem a mobilidade dos moradores no local, a sensação de não pertencer à cidade. Hoje, após a chegada do programa na grota, moradores, assim como irmã Zeza, comemoram a transformação da qualidade de vida entre os residentes, resultantes, sobretudo, das obras de mobilidade urbana, com a construção de corrimãos, passeios e escadarias drenantes executadas pela Secretaria de Transporte e Desenvolvimento Urbano (Setrand).
“Eu morava no interior e minhas filhas aqui. Elas sempre me chamavam pra vir. No dia que eu vim para conhecer, eu disse a elas ‘vocês dizem que moram em Maceió, mas isso aqui não é Maceió não’. Era uma bagaceira. Sair de casa era difícil, mais ainda quando chovia. Mesmo assim eu me mudei pra cá, pra ficar perto delas e das minhas netas. Quando as minhas coisas chegaram, ficaram lá em cima [na Praça dos Eucaliptos] porque o carro não descia. Os meninos tiveram que carregar tudo nas costas”, relata.
O comerciante Miguel Vieira, que há 15 anos tem uma venda na comunidade, também se lembra do passado com desgosto. “Eu moro aqui há 30 anos. Isso aqui era um buraco. Não passava nem cavalo aqui na frente do meu negócio”.
Agora, segundo os moradores, isso tudo é coisa do passado. Miguel afirma que o movimento cresceu e que as vendas aumentaram, e irmã Zeza é só felicidade com os novos equipamentos de mobilidade. “Hoje a gente pode andar tranquilo pra onde quiser. As escadarias têm corrimão e descanso pra gente se apoiar na subida. Não tem mais buraco. Tá uma maravilha!”, comemora dona Zeza.
Parceria com a ONU
As melhorias são fruto da união que já dura quase três anos entre o Governo de Alagoas e o ONU-Habitat, o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos. Já são cerca de 300 mil maceioenses beneficiados em 48 grotas, e mais de R$ 100 milhões investidos. Para o futuro, os planos são de beneficiar todas as comunidades de Maceió até o final de 2022, usando, para tanto, R$ 200 milhões em recursos próprios.
O diretor do Escritório Regional do ONU-Habitat para a América Latina e o Caribe, Elkin Velásquez, lembra que a organização segue à disposição dos alagoanos. “O que está sendo feito em Alagoas é muito importante para a comunidade, mas também é muito importante para o Nordeste brasileiro, para o Brasil, para a América Latina e para o mundo. É fundamental também que os alagoanos reconheçam que o que está acontecendo aqui tem muito trabalho envolvido. As soluções que vocês estão construindo aqui vão inspirar muitas outras comunidades em outras partes do mundo”, afirma Velásquez.
Para o secretário de Estado de Transporte e Desenvolvimento Urbano, Mosart Amaral, o programa é um presente para os gestores de Alagoas. “Parece que foi ontem que começamos, e era um programa tão pequeno. Estamos orgulhosos de ver onde ele chegou e animados para fazê-lo ir ainda mais longe”, comentou o secretário.