O crescimento da incidência de Covid-19 em Alagoas acende a luz de alerta para as autoridades. Com a pandemia se encaminhando para o pico no Brasil, o número de contaminados pelo novo coronavírus vêm aumentando nos estados. Infectologistas afirmam que a rápida subida de casos se dá por um conjunto de fatores, que inclui o preocupante descumprimento do isolamento social pela população.
Para a gerente médica do Hospital Escola Dr. Helvio Auto (HEHA), a infectologista Luciana Pacheco, a incidência da Covid-19 em Alagoas cresceu, também, em função da interiorização da doença no estado, que segue avançando em direção aos municípios, localizados além da Região Metropolitana. “Creio que o relaxamento do distanciamento entre as pessoas e a interiorização da doença colaboraram com esse crescimento tão grande”, avaliou a médica.
Nesse contexto da baixa adesão ao distanciamento, a médica clínica e paliativista Marília Magalhães afirma que o fenômeno precisa ser avaliado sob dois prismas. “Um deles é o das pessoas que não podem ficar em casa porque necessitam trabalhar e sem auxílio financeiro estão passando por dificuldades; o outro é aquele das pessoas bem abastadas, que por questões meramente políticas pedem o fim da quarentena e minimizam os riscos da Covid-19, chegando até a serem negacionistas em relação à doença”, disse.
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz de Pernambuco (Fiocruz/PE) apontou, essa semana, que a incidência da Covid-19 em Alagoas cresceu mais de 27 vezes no comparativo entre as primeiras quinzenas de abril e maio. Trata-se da segunda maior taxa de variação (27,2) do Nordeste, atrás apenas de Sergipe (47,8); e da terceira do Norte e Nordeste, cujo ranking é encabeçado pelo Tocantins (49,8). A média do crescimento no país foi de sete vezes, número em si já considerado alto pelos estudiosos.
“A curva de contágio da Covid-19 cresce de forma exponencial. E o que isso significa? Que ela cresce rapidamente, sempre multiplicada por um valor constante e que vai se tornando o que os especialistas na área falam como ‘matematicamente incontrolável’”, explicou a médica Marília Magalhães.
“Em Alagoas, o distanciamento social nunca conseguiu ser próximo do nível proposto pelas autoridades sanitárias mundiais de saúde e a OMS (Organização Mundial da Saúde), que é de 70%. No estado, a média fica próxima de 50% ou abaixo dela”, observou o médico oncologista Marcos Davi Melo, acrescentando que o aumento da realização de testes para a detecção da doença também contribuiu para a elevação da incidência.
SECOM/GOVERNO DO ESTADO