Por Ney Pirauá/Historiador
Calabar foi condenado e enforcado na Vila de Porto Calvo no dia 22 de julho de 1635. Mas qual crime cometeu para ter sido enforcado e esquartejado e ter seu corpo exposto por toda cidade?
Defender a liberdade e a livre escolha de religião, o progresso de sua terra natal, e, sobretudo, o direito dos nativos dessa terra terem reconhecidos seus méritos em qualquer atividade que exercessem na colônia em desenvolvimento.
Isto tudo contrariava os governadores da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho e Matias de Albuquerque, este o todo poderoso e mandachuva de todo território pernambucano, que incluía àquela época a nossa Alagoas.
Ainda teve o nosso idealista Calabar de carregar perante à História a mancha de traidor. Mas sejamos objetivos: trair o quê e a que pais?
A capitania de Pernambuco era comandada por Matias de Albuquerque com mão de ferro e tirania. Não considerando, não respeitando os anseios legítimos do povo nativo. Calabar, por sua vez, era homem educado, conhecedor dos seus direitos como cidadão, pois havia recebido instrução dos cultos jesuítas em Olinda. Senão, vejamos o que diz Frei Antônio Rosa: “De Olinda à Holanda, não há aí mais que a mudança de um i em a; esta vila de Olinda se há de mudar em Holanda, e há de ser abrasada pelos holandeses antes de muitos dias, pois falta a justiça da terra; há de acudir a do Céu”.
Amigos, com esse depoimento, de um padre pregador na época, poderia o Domingos Fernandes Calabar, inteligente e idealista como era, compactuar com esses donatários da Colônia? Não, de maneira alguma. Então, o bravo guerreiro, entre Portugal e Holanda, escolheu aqueles que incentivaram o progresso, procurando o desenvolvimento da nossa querida Porto Calvo.
(Referência bibliográfica: “O Brasil holandês”, de Evaldo Cabral de Melo, pág. 46)