
Um novo e grande problema ambiental brota no Agreste de Alagoas com a instalação da Mineradora Vale Verde (MVV), em meio a uma área produtiva de alimentos e por onde o Projeto do Canal do Sertão deve passar, levando água de boa qualidade para milhares de agricultores familiares. O Projeto do Canal do Sertão tem como objetivo no Agreste, transformar toda região em um grande polo de produção de hortifrutigranjeiros, um sonho antigo inclusive da saudosa deputada federal Ceci Cunha, que como muitos parlamentares alagoanos, como Albérico Cordeiro e o ex-governador Geraldo Bulhões sonharam. Mas agora, com a chegada da MVV, o cenário mudou com a desvalorização das terras em volta do empreendimento e da possibilidade de contaminação do solo, consequência do depósito de resíduos minerais, altamente perigoso para qualquer meio de vida. A possibilidade vem sendo também discutida pelos produtores que têm propriedades próximas, principalmente onde está sendo construída a gigantesca barragem de resíduos tóxicos da mineradora. A preocupação foi levada aos representantes do povo, os vereadores que através do presidente Nando Rosendo, atualmente a única voz em Craíbas que se levanta questionando a poderosa Mineradora Inglesa, que chegou mudando a vida de milhares de pessoas que viviam em paz.

Canal do Sertão
O Projeto do Canal do Sertão é levar água para as comunidades do semiárido alagoano e servir de fonte de abastecimento humano e também ser usado na produção agrícola. O Projeto sempre foi esperado com grande ansiedade pelos produtores rurais da região metropolitana de Arapiraca, onde é hoje o maior polo produtor de Alagoas de hortifrutigranjeiros.
Canal do Sertão 2
A chegada do Canal do Sertão região potencializaria ainda mais a região na produção de alimentos e também de ração volumosa para animais como feno, tão importante para alimentar o rebanho da Bacia Leiteira de Alagoas, que tantos empregos e renda gera atualmente e muito mais que a Mineradora Vale Verde, que a partir de julho terá apenas 500 pessoas empregadas.
Solo comprometido
O debate que se levanta agora, entre os agricultores próximos a gigantesca barragem de rejeitos contaminados da Mineradora Vale Verde (MVV) é de extrema importância para sobrevivência de milhares de agricultores familiares e também de problemas sociais e econômicos que podem surgir num cenário a médio prazo.
Comitês de Bacia
Os Comitês de Bacia Hidrográficas até o momento não se posicionaram sobre a problemática, assistem tudo em silêncio, mesmo diante do debate que se inicia, apontando o surgimento de problemas para as futuras gerações. O que não se deseja é que repita o mesmo erro, que se cometeu com a instalação da Braskem em Maceió, onde se trocou o silêncio por “prêmios”.
Braskem/alerta antigo
Como jornalista, fui um dos primeiros a denunciar os perigos que representavam a exploração de Sal-gema em Maceió. Meu primeiro artigo, baseado em declarações de ambientalistas, na década de 90, alertava para o período de afundamento do solo da região da Lagoa de Mundaú, mas não imaginava que atingisse o Pinheiro, o bairro do Farol e a Gruta de Lourdes. O dano foi maior do que se imaginava.
Braskem/Tragédia
A Tragédia anunciada, infelizmente se concretizou, desalojando milhares de famílias destruindo negócios de outras milhares, em benefícios da exploração mineral, que prometeu empregos que não chegaram, prêmios de jornalismo que engavetaram pautas de reportagens e ações simplórias ambientais, que nada produziram para novas gerações, que herdam mais esse passivo ambiental.
Mineradora/história se repete
No Agreste, nos meus quase 30 anos de jornalismo a história parece se repetir. A área de caatinga, um berçário enorme de pássaros silvestre totalmente devastado para dar lugar a Mineradora Vale Verde, que chegou prometendo “emprego, renda e desenvolvimento”, mas que pouco mais de um ano se prepara para demitir 1.600 trabalhadores em plena pandemia.
Passivo social
Assim como a Braskem, a Mineradora Vale Verde trará além de um enorme passivo ambiental, um passivo social com milhares de trabalhadores desempregados, que passará a fazer parte das estatísticas do IBGE em Arapiraca, Craíbas e região. Os 2 mil postos de trabalho serão reduzidos a pouco mais de 400. Daí virá os problemas sociais para as prefeituras e para segurança pública.