O futuro da companhia aérea TAP depende da liberação de 3.200 milhões de euros da União Européia (UE). O prazo máximo para isso é o final dezembro, pois a situação da empresa é considerada crítica para continuar operando. A preocupação foi externada pelas declarações de dois ministros de Portugal: Pedro Nuno das Infraestruturas e João Leão, das Finanças.
Pedro Nuno foi mais radical e chegou a alertar que se a TAP for à falência, Madrid se tornará hub para Portugal. Enquanto isso, o ministro das Finanças João Leão busca amenizar a situação dizendo que está confiante que a U E vai liberar 3.200 milhões de euros até o Natal para salvar a companhia, que hoje está praticamente estatizada.
Em meio a toda expectativa, o setor de vendas da companhia busca dinamizar as vendas de todas as formas e busca junto aos clientes brasileiros, seus principais passageiros internacionais formas de incentivar a compra de bilhetes aéreos, tentando capitalizar a empresa.
Segundo o ministro João Leão, o processo está mesmo na fase final. Nós esperamos que possa ser aprovado para a semana e contamos que ainda este ano possamos concretizar a fase seguinte do processo de recapitalização da TAP,” disse ele em uma entrevista à agência francesa Reutrs.
Situação
A UE está examinando, desde meados de Julho, se o plano apresentado pela TAP e que inclui demissão de cerca de 2.000 trabalhadores e reduções salariais de até 25%.
O governo português já injetou 1.700 milhões de euros na TAP que ainda precisa de mais 3.200 milhões de euros para sair das dívidas em que se encontra. O ministro João Leão disse que espera emprestar à TAP “500 milhões de euros este ano e depois cerca de 1.000 milhões de euros no próximo ano”.
Se a U E rejeitar o plano de reestruturação da TAP, a empresa terá de reembolsar imediatamente os empréstimos de resgate, o que pode levar à sua insolvência. Em maio, o segundo tribunal mais alto da União Europeia aceitou avaliar uma queixa da Ryanair contra um empréstimo estatal de 1200 milhões de euros recebidos em 2020, com a aprovação da Comissão Europeia.
Cenário econômico
O crescimento económico de Portugal deverá chegar aos 4,8% este ano, em linha com a previsão do Governo divulgada antes da última vaga do coronavírus na Europa, que até agora tem tido pouco impacto na economia portuguesa, disse o ministro das finanças à Reuters.
João Leão, que faz parte do governo socialista minoritário que enfrenta eleições antecipadas em 30 de janeiro, também disse que o défice orçamental poderá ficar “ligeiramente abaixo” da meta deste ano de 4,3% do PIB, sustentado pelo crescimento da receita do estado e por um forte mercado de trabalho.
No ano passado, o déficit foi de 5,8% devido às medidas de apoio às famílias e empresas durante a pandemia, enquanto a economia dispensou 8,4% na sua pior recessão desde 1936.
Com isso, a dívida pública retomou a sua trajetória de redução interrompida no ano passado, quando atingiu o recorde de 135% do PIB, e deve encerrar este ano em 126,9%, o que Leão disse ser “muito importante para dar confiança e credibilidade” aos investidores.
Portugal deveria recuperar a estabilidade política e a governabilidade nas próximas eleições para “sustentar um forte crescimento” e realizar investimentos financiados pelos fundos de recuperação da pandemia da UE.
A eleição acontece depois de o Parlamento ter rejeitado a proposta de orçamento de 2022.
O governo manteve plenos poderes, mas terá de fazer parte das suas despesas num regime mensal de duodécimos do orçamento de 2021 no próximo ano até que um novo orçamento seja aprovado.
O ministro português que está cumprindo todos os objetivos e marcos acordados com Bruxelas e não espera dificuldades com a aprovação da próxima parcela dos fundos de recuperação, no valor de 1000 milhões de euros, que deve ser recebida no primeiro trimestre de 2022.
