
Atualmente para comer pitu, também conhecido como camarão do Rio São Francisco, é preciso encomendar. Cada vez mais raro, o crustáceo ainda é a majestade da cozinha sertão alagoano. Na cidade histórica de Piranhas, os crustáceos podem ser servidos como filé ou na casca, mas a tradição é saborear vestido, e sem cerimônias. Sem esquecer a melhor da parte da culinária nordestina, o pirão.
No restaurante Lírio do Vale, na beira do Rio São Francisco, o cozinheiro Cláudio Roberto é responsável pelo preparo da tradição da pituzada. Para o alagoano de coração, o crustáceo é bom de qualquer jeito, apenas na água e sal já revela toda sua gostosura de carne tenra, bastando umas gotinhas de limão para a felicidade.
A pesca do pitu é artesanal com covo, e a isca para o crustáceo cair na armadilha é o coco. Quando chega na cozinha do restaurante, é lavado na água corrente, esfrega-se o limão pelo casco, limpa a cabeça e rabo. Depois do banho é chegada a vez de ir para panela com tomate, cebola, cebolinha, sal, coentro e pimenta de cheiro.
O arremate final é cobrir o crustáceo no leite de coco. Quando muda de cor, do cinza para o vermelho, está danado de bom para serem devorados. O caldo, mistura-se com a farinha da mandioca, mexendo sempre em fogo baixo até virar o pirão dos sonhos.
Já a tilápia criada nos tanques-rede do Rio São Francisco também é uma das estrelas do restaurante Lírio do Vale.
Comer pitu é tão bom como curtir os dias ensolarados na cidade de Piranhas, conhecida como a lapinha de Alagoas, patrimônio histórico nacional reconhecido pelo IPHAN com suas casinhas coloridas, capelas e monumentos históricos dos séculos 20 e 21. De tão linda, foi cenário dos filmes “Bye, Bye Brasil”, de Cacá Diegues, Baile Perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, a novela Velho Chico, da rede globo, entre outros seriados.
Todo turista que chega em Piranhas é o ator principal, e na orla já tem barco ou catamarã aguardando para navegar entre os morros e de longe apreciar a cidade lapinha. No passeio, aproveite para conhecer o povoado de Entremontes, onde as mulheres bordam rendendê e ponto de cruz e não deixe de levar lembranças da cidade.
Também imperdível, viver a experiência da Trilha de Lampião, na Grota de Angicos, na cidade de Poço Redondo, última parada de Lampião, Maria Bonita e seu bando. Com duração de 1h, e poucos obstáculos, refaz o percurso da volante (soldados) até o esconderijo do bando de Lampião, no trajeto é muito sol, apreciando a vegetação típica da caatinga até um pequeno vale onde estão afixadas duas cruzes, na qual os cangaceiros foram assassinados.
A memória da cidade não se resume a Lampião e Maria Bonita, embora, todo mundo tem esse “causo”para contar. O cantor das multidões, Altemar Dutra, foi um dos turistas mais ilustre de Piranhas. Por seu amor à terra, ele ganhou o título de Cidadão Piranhense.
Vá ao Museu do Sertão na antiga estação ferroviária, um dos principais monumentos arquitetônicos da cidade, que abriga a história do povo sertanejo com acervo da própria comunidade, claro, e Lampião e Maria Bonita que junto ao seu bando tiveram as cabeças expostas na escadaria da cidade de Piranhas, têm espaço cativo no Museu.
A cidade se divide em Piranhas velha (compreende o centro histórico) e a nova, onde está localizado o bairro Xingó que abrigou os funcionários da CHESF, e depois da construção da Usina Hidrelétrica de Xingó, e se transformou em novo polo turístico com hotéis, pousadas e restaurantes.
Agora, quando as estrelas cobrem o céu, o centro histórico de Piranhas é uma festa, gente bonita, e tem culinária da comida regional a japonesa. E o melhor, o show do Grupo Xaxado Altemar Dutra, vestidos de Lampião e Maria Bonita, colocando todo mundo para dançar no maior forró.

Piranhas, sertão alagoano
271,3 km de Maceió
Restaurante Lírio do Vale
Funciona todos os dias das 9 até 17h
Beiro Rio S/N, Piranhas (AL)/ Telefone: (82) 98133-8088