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Vestígios arqueólogos marcam o patrimônio científico brasileiro

Casa de antepassados, o Brasil narra um pedaço da humanidade. O país tem em suas terras uma importante riqueza arqueológica que conta a história dos primeiros grupos antigos que aqui viveram e deixaram seu legado. Sede de 17 bens arqueológicos tombados, sendo 11 sítios e seis coleções arqueológicas localizadas em museus, o solo verde e amarelo é palco de registros da mais remota presença do homem na América do Sul.

Além dos bens tombados, o país registra mais de 32 mil sítios arqueológicos cadastrados e reconhece a importância deles como representantes dos grupos humanos responsáveis pela formação da identidade cultural da sociedade brasileira. O material coletado e estudado auxilia pesquisadores a entenderem como a humanidade foi evoluindo. A atividade arqueológica e paleontológica também virou um instrumento para o turismo nacional.

ARQUEOLOGIA – Por meio da arte rupestre, de ferramentas feitas em pedra e outros tipos de vestígios, o Brasil apresenta ao turista marcas da trajetória dos primeiros grupos humanos em território sul-americano.

Alagoas, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Santa Catarina, Goiás e São Paulo são alguns dos estados que têm em sua composição sítios ou coleções arqueológicas. Já o Parque Nacional Serra da Capivara (PI), as Missões Jesuíticas – ruínas de São Miguel das Missões (RS) e o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro (RJ), são considerados bens arqueológicos reconhecidos como Patrimônio Mundial pela Unesco.

O Parque Nacional Serra da Capivara, por exemplo, foi criado em 1979 para preservar vestígios arqueológicos dos primeiros grupos humanos da América do Sul. Com aproximadamente 130 mil hectares, o local conta com cerca de 400 sítios arqueológicos, sendo que a maioria deles contêm painéis de pinturas e gravuras rupestres de grande valor estético e arqueológico.

O lugar apresenta, ainda, um dos conjuntos de sítios arqueológicos mais relevantes das Américas, que têm fornecido dados e vestígios para uma revisão geral das teorias estabelecidas sobre a ocupação do homem no continente americano.

Nas Missões Jesuíticas Guaranis, que envolvem bens culturais do Brasil e da Argentina, o viajante encontra cinco sítios arqueológicos dos povoados implantados em território originalmente ocupado por indígenas durante o processo de evangelização da Companhia de Jesus, nos séculos 17 e 18. O local representa a ocupação do território e das relações culturais que se estabeleceram entre os povos nativos e os missionários jesuítas europeus. No Brasil, a Rota das Missões abrange 26 municípios, entre eles as ruínas do sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo, mais conhecido como ruínas de São Miguel das Missões.

Já no Rio de Janeiro (RJ), o fã de arqueologia pode encontrar o principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas, o Cais do Valongo. O espaço passou a integrar a lista do Patrimônio Mundial em 2017 e retrata uma memória triste da humanidade.

Mas o Cais também demonstra uma história de resistência histórica e a entrada dele para a lista da Unesco faz com que o patrimônio arqueológico seja reconhecido pela inestimável contribuição dos africanos e seus descendentes à formação e desenvolvimento cultural, econômico e social do Brasil e do continente americano. O Cais do Valongo passou a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, que estabelece marcos da cultura afro-brasileira na região portuária.

Paleontologia

Muito além dos registros da arqueolologia, os habitantes que vieram antes mesmo dos “homens primitivos” também deixaram sua marca em solo brasileiro. Em um passado bem distante, os dinossauros fizeram do Brasil sua casa e hoje os vestígios desses gigantes são encontrados em museus que apresentam fósseis e estudos sobre os animais pré-históricos.

Os primeiros fósseis no Brasil foram encontrados em 1897, na Paraíba. Dessa data até o ano de 2021, paleontólogos identificaram pelo menos 47 espécies de dinossauros que pisaram no território brasileiro, de acordo com a Universidade de São Paulo (USP). Alguns deles se deslocaram da Argentina e de países da África quando o mundo era uma única porção de terra, a chamada Pangeia, há 180 milhões de anos.

Em 2004, foi encontrada a maior ossada de um fóssil de dinossauro no Brasil. O feito ocorreu na região de Uberaba (MG) e atualmente Peirópolis, localizada próxima à Uberaba, se firmou como um dos mais importantes sítios paleontológicos do Brasil, com fósseis datados de 66 a 80 milhões de anos de idade.

O Museu dos Dinossauros, vinculado à Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) é aberto ao público e o turista pode conhecer três espaços, um, inclusive, a céu aberto, onde podem ser observadas réplicas em esqueleto, reconstruções em vida, cenários, apresentações tridimensionais, além de um acervo de fósseis dos diversos componentes da fauna e flora da região, em especial dos próprios dinossauros.

Outro museu brasileiro que demonstra a grandiosidade dos animais pré-históricos está localizado em Santana do Cariri (CE), a “Capital Cearense da Paleontologia”. O Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, da Universidade Regional do Cariri (URCA), abriga um dos maiores conjuntos de fósseis do Período Cretáceo das Américas. O museu oferece regularmente cursos, treinamentos, encontros, palestras e representa um ponto de apoio logístico para pesquisadores de todo o mundo.

O espaço é aberto a visitações e abriga a exposição permanente de fósseis, onde as peças estão divididas por espécies vegetais e animais. São cerca de 300 itens que demonstram a diversidade e a riqueza fossilífera da Chapada do Araripe. O local também conta com um território lúdico, em que se encontram algumas esculturas inspiradas nos pterossauros e dinossauros do Cretáceo, além de um espaço expositivo com laboratório de paleontologia, biblioteca, lojinha e café.

Foto: MTur

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