Quando o turismo é feito de forma sustentável e aliado aos valores de preservação da fauna e flora do bioma visitado o passeio vai além de uma simples visita e se torna um verdadeiro apoiador do meio ambiente. É o acontece no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no norte de Minas Gerais, onde o turismo é apontado como amigo da natureza, uma vez que a chegada de visitantes expandiu ainda mais a conservação ambiental.
Esse fato foi demonstrado por meio de um trabalho de monitoramento de quatro pesquisadores. O estudo “Uma avaliação antes-depois da resposta de mamíferos ao turismo em um parque nacional brasileiro” (nome em português), coletou dados sobre a fauna entre os anos 2011 e 2017 no Parque Nacional do Peruaçu e investigou os efeitos do turismo na comunidade de mamíferos do Parque, que é uma área prioritária para a conservação no Brasil. Os pesquisadores utilizaram armadilhas fotográficas para pesquisar trilhas turísticas e não turísticas abrangendo períodos antes e depois do início do turismo na Unidade de Conservação, que começou a receber visitantes em 2015.
Para analisar as mudanças no comportamento da fauna com a chegada dos turistas, foram mapeadas seis espécies de mamíferos: jaguatirica (Leopardus pardalis), paca (Cuniculus paca), porco-do-mato (Pecari tajacu), veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), quati (Nasua nasua) e mocó (Kerodon rupestris). Todas elas apresentando no mínimo 100 registros feitos na área e conhecidas por serem usuárias das trilhas do parque.
Os pesquisadores utilizaram quatro métricas para avaliação: riqueza de espécies, probabilidade de uso de trilhas, níveis de atividade e padrões de atividade diária. O estudo mostrou que após o início do turismo no Parque não houve mudança na riqueza de espécies e a probabilidade de usar trilhas turísticas aumentaram ou permaneceram estáveis. No geral, os resultados demonstram a possibilidade de acomodar a atividade turística e a conservação eficaz da vida selvagem da região.
Além disso, a chegada de turistas no Parque afasta outra ameaça às espécies que residem na região: a caça. Isso porque ter mais pessoas ao redor, mais fiscalização, movimentação de guias e profissionais do setor e uma maior estrutura turística afugenta eventuais praticantes ilegais.
Em áreas protegidas, o turismo pode melhorar a eficácia da conservação fornecendo fundos para programas de gestão, pesquisa e educação. Pensando nesse fomento à visitação dos parques naturais, o Ministério do Turismo tem atuado junto ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Ministério do Meio Ambiente no segmento e financiou estudos de viabilidade técnica e econômica para a concessão de serviços de apoio à visitação em quatro parques nacionais à iniciativa privada. São eles: Chapada dos Guimarães (MT), Lençóis Maranhenses (MA), Jericoacoara (CE), e Serra da Bodoquena (MS).
Esse desenvolvimento de parcerias com a iniciativa privada para a administração de parques nacionais tem como objetivo aprimorar a oferta de produtos e serviços aos visitantes nos parques brasileiros, com ampliação da infraestrutura turística, além de atividades, produtos e serviços de apoio aos turistas.
Sobre
O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu é um local com paisagens compostas por arte rupestre pré-histórica em sítios arqueológicos milenares de importância internacional, além de cavernas de grandeza colossal.
A Unidade de Conservação foi criada em 1999 e possui uma área de 56.448 hectares, que compreende os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, na região norte de Minas Gerais.
O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu oferece diversas opções aos visitantes e está em constante evolução. Para conhecer todas elas, é necessário mais de um dia de visita. A escolha deve ser feita levando em conta o interesse do turista e o condicionamento físico. A unidade recebeu, em 2021, 4.056 visitas. Antes da pandemia, em 2019, foram 9.304.
Turismo
O turismo de natureza é um dos principais segmentos do setor no Brasil. Só no ano passado foram realizadas 12,3 milhões de viagens no país, principalmente à lazer. Destas viagens, 25,6% foram motivadas por destinos de natureza – um aumento de 5% em relação ao ano anterior (2020), quando as viagens motivadas por ecoturismo e turismo de natureza alcançaram 20,5%, demonstrando a importância e o potencial de crescimento deste segmento.