AEROPORTOS

Aena registra redução de 23,64% no índice de colisão de animais com aeronaves nos Aeroportos do Nordeste

Por trás dos aviões que decolam e aterrissam a todo momento nos 17 aeroportos da Aena Brasil, existem profissionais que atuam cotidianamente para garantir o sucesso de cada operação. Entre eles, estão os biólogos, que têm como missão evitar colisões de aviões com animais, garantindo a segurança das operações e de todos a bordo. Em 2020, a Aena iniciou esse trabalho de Gerenciamento de Risco de Fauna nos aeroportos que administra no Nordeste, e hoje colhe resultados consistentes.  

De 2022 para 2023, a concessionária reduziu em 23,64% o índice de colisões com animais nos primeiros aeródromos que assumiu no Brasil: Aracaju, em Sergipe; João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba; Juazeiro do Norte, no Ceará; Maceió, em Alagoas; e Recife, em Pernambuco. Nestes equipamentos, foram registradas 19,44 colisões para cada 10 mil movimentos no ano passado, enquanto havia 25,46 em 2022.  Em números absolutos, foram 277 colisões em 2023 contra 344 em 2022. Desde que o trabalho da Aena começou até o final do ano passado, foram registradas 1.105 colisões nos seis aeroportos do Nordeste. 

A maior redução foi observada no aeródromo de Aracaju, onde o número caiu de 44,65 para cada 10 mil movimentos, em 2022, para 25,09, em 2023. “A redução real do risco de colisões está diretamente relacionada à cultura das notificações. Após quatro anos de trabalhos nos aeroportos do Nordeste, com contínuos treinamentos, ações de sensibilização sobre a importância do registro e presença de profissionais capacitados para a mitigação desse risco, conseguimos atingir a redução real dos nossos índices de colisão”, comemora Diógenes Barbosa Araújo, coordenador corporativo de Meio Ambiente da Aena Brasil.  

No bloco de 11 aeroportos que a concessionária arrematou em 2022, o trabalho é recente: começou logo após a assunção, no último quadrimestre de 2023. 

Rotinas
Colisões de aviões com animais ocorrem no mundo inteiro, todos os dias. No Brasil, foram reportados 26,5 mil casos entre 2011 e 2022, segundo o Anuário de Risco de Fauna 2022, do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão do Comando da Aeronáutica. Somente em 2022, foram 3.484 colisões, 93,65% delas com aves. Entre os 60% de ocorrências com espécies identificadas naquele ano, duas das mais comuns foram com aves: o quero-quero (19%) e o carcará (8,24%). A terceira foi com o morcego (3,67%).   

O levantamento também mostra que a maior parte dos choques acontece de dia, quando há mais voos, e especialmente nas fases de taxiamento e pouso. “Colisão zero é impossível. Enquanto tivermos pousos e decolagens, teremos colisões. O que precisamos fazer é que essas colisões não sejam significativas, que a aeronave nem os passageiros sofram danos, que a pista não fique impraticável”, explica Diógenes. 

Para diminuir o risco, o trabalho das equipes de biólogos da Aena é minucioso. Envolve a compreensão detalhada do meio ambiente onde o aeroporto está inserido e uma série de atividades rotineiras. Entre elas, vistorias diárias na área operacional para identificar indícios da presença de animais nas redondezas.  

Para lidar com as aves, que representam quase a totalidade das ocorrências, os biólogos utilizam diferentes técnicas de afugentamento, como chicotes de estalo, fogos de artifício, sirene, buzinas e megafone. Outras técnicas são o uso do canhão de gás, que gera um som de explosão de grande intensidade, e a instalação de efígies em pontos estratégicos, maquetes que reproduzem a silhueta de uma ave predadora.  

Também é comum a inserção, na área do sítio aeroportuário, de aves de rapina treinadas para afugentar ou capturar outras espécies, técnica chamada de falcoaria. Um dos aeroportos da Aena que utiliza muito este procedimento é o do Recife. “Cada aeroporto está em uma área diferente e existem peculiaridades nas técnicas utilizadas para que os animais não fiquem no sítio aeroportuário. A gente trabalha para que eles não adentrem a área operacional. Quanto menos animais tivermos nos aeroportos, menos riscos teremos para as operações”, explica Diógenes.  

Além das vistorias na área operacional, os biólogos também monitoram a área de segurança aeroportuária, que inclui um raio de 20 km a partir do aeródromo. É nesta área onde eles identificam situações atrativas para a fauna, que podem ser naturais ou resultado da intervenção humana, como os lixões, por exemplo. A partir desse mapeamento, o aeroporto alerta o Poder Público para eliminação de situações inadequadas. “Temos biólogos em tempo integral em todos os aeroportos do Nordeste e em seis aeródromos do bloco de 11 que passamos a administrar recentemente. Nos demais, trabalhamos de forma volante. Isso para a gente é um marco, porque nem todas as concessionárias atuam com biólogos em campo o tempo todo”, comemora Diógenes.  

Cabe também aos biólogos o levantamento das informações a partir dos acidentes para notificação no Cenipa. “Uma colisão com um morcego é diferente de uma colisão com um urubu. Então, tudo precisa ser verificado e reportado. Quanto mais reportes temos, mais dados temos para trabalhar. Por isso, os números de colisões precisam sempre ser vistos no contexto. Um aeroporto com menos colisões, por exemplo, pode só significar que a subnotificação é alta”, esclarece Diógenes Araújo. Todo o trabalho de Gerenciamento de Risco de Fauna, segue as diretrizes internacionais, o regulamento da aviação civil brasileiro e a legislação ambiental do país. 

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