
O governo francês quer aumentar para mais do dobro o valor da eco-taxa cobrada nos voos com partida de França já a partir de março, numa medida que está a preocupar as companhias aéreas, que estimam um impacto negativo da medida.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, o chamado “imposto de solidariedade”, também conhecido como eco-taxa, vai aumentar de 2,63 euros para 7,40 euros nos voos domésticos e europeus com partida de território francês, em classe económica, enquanto nos voos de médio curso, também em económica, passa de 15 para 40 euros.
Além da classe económica, estão previstos aumentos também para os passageiros em classe executiva, com os valores a subirem 30 euros nos voos de curta distância, bem como 80 para voos de média distância e 120 euros para voos de longo curso.
Previsto está ainda que também os jatos particulares venham a ser alvo de um aumento desta taxa, prevendo-se que as tarifas aumentem entre 220 euros e 2.100 euros.
No entanto, os voos para a Córsega e para os territórios ultramarinos da França ficam isentos dos aumentos de impostos agora conhecidos.
O aumento deste imposto está previsto no orçamento francês para 2025 e visa ajudar a reduzir o déficit do país, uma vez que se estima que o montante anual arrecadado com esta taxa chegue aos mil milhões de euros.
“É uma medida de justiça fiscal e ecológica. Vinte por cento da população com maior rendimento é responsável por mais da metade do dinheiro gasto em viagens aéreas”, afirmou Amélie de Montchalin, ministra das contas públicas francesa.
No entanto, as companhia aéreas estão contra os aumentos propostos, com Benjamin Smith, diretor-geral da Air France-KLM, a defender que este aumento de impostos é “irresponsável”.
“A França é o país onde o transporte aéreo é mais tributado na Europa. Nos últimos 20 anos, perdemos de 1% a 2% do mercado por ano para companhias aéreas estrangeiras. Existe o risco de transferir o benefício que as nossas viagens aéreas geram para outros países”, alerta o responsável da Air France-KLM.
Tal como a Air France-KLM, também a Ryanair já veio criticar a decisão do governo francês e Michael O’Leary, CEO do Grupo Ryanair, ameaçou mesmo retirar os voos da sua companhia aérea de território francês, caso o aumento de impostos avance.
“A França já é um país com impostos altos e se aumentar ainda mais os impostos que já são altos, provavelmente reduziremos a nossa capacidade”, afirmou o responsável da Ryanair, numa conferência de imprensa na semana passada.
O CEO da Ryanair considera que França está a “ir contra a corrente” nesta decisão de aumentar impostos e alerta que “a Europa não se tornará mais eficiente ou mais competitiva ao taxar excessivamente as tarifas aéreas”.