
Com o intuito de avaliar alternativas para descarbonizar a aviação na América Latina de forma sustentável, a LATAM e a Airbus financiaram um estudo independente do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), intitulado de: “Opções para descarbonizar a aviação na América Latina de forma sustentável: uma avaliação das políticas de carbono, preços de carbono e consumo de combustível na aviação até 2050”.
Os resultados apontam o Brasil como o maior potencial para a produção de combustível de aviação sustentável (SAF), tanto em volume quanto em eficiência de custo, impulsionado por sua experiência em biocombustíveis e ampla disponibilidade de matérias-primas. Para identificar caminhos rumo a emissões líquidas zero e promover um futuro mais sustentável para o setor aéreo, o estudo realizou a análise das condições socioeconômicas, ambientais e de políticas públicas de seis países latino-americanos: Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru.
O MIT destaca neste estudo que o uso de SAF será a principal ferramenta para a descarbonização da indústria aérea, mas que este terá um custo superior ao atual combustível de aviação, que já representa aproximadamente 40% dos custos operacionais das companhias aéreas da região. Desse modo, sem colaboração governamental e políticas públicas adequadas, o SAF poderá aumentar os custos das viagens, afetando a demanda por voos e a conectividade da região.
Ainda, para o MIT, a unificação das abordagens de descarbonização entre os países latino-americanos pode trazer benefícios significativos, como a garantia da competitividade, economias de escala e a redução do impacto na demanda de passageiros.
O estudo, que é projetado em um conjunto de hipóteses e caminhos, revela em alguns cenários que os seis países analisados apresentam potenciais variáveis para a produção de SAF em termos de volume e custo, com o Brasil bem posicionado para ser um importante produtor de SAF para os mercados doméstico, latino-americano ou global, devido à sua vasta experiência em atividades agrícolas em grande escala e à disponibilidade de matéria-prima. Em outras palavras, a colaboração regional permitiria que países com menor potencial de produção tivessem acesso a um combustível com preços mais competitivos, ao mesmo tempo em que abriria oportunidades de mercado para países produtores de SAF, como o Brasil. Essa colaboração, no entanto, dependeria de uma metodologia robusta de cadeia de custódia, como o Book and Claim, que permite a separação do produto físico e seus atributos de sustentabilidade, possibilitando o comércio sem a necessidade de transporte físico do combustível entre os países.
“A aviação na América Latina desempenha um papel crucial na conectividade e no desenvolvimento econômico da região. No entanto, para avançar em direção a zero emissões, precisamos adotar soluções como os combustíveis sustentáveis de aviação. O Brasil tem o maior potencial para a produção de SAF, tanto em termos de volume quanto de eficiência de custo de produção. Porém, se não traçarmos um caminho adequado, corremos o risco de elevar os custos e comprometer o desenvolvimento da nossa conectividade regional. A integração regional, neste contexto, se apresenta como uma alternativa chave para reduzir os sobrecustos e assegurar a transição para uma aviação mais sustentável”, destaca Maria Elisa Curcio, diretora de Assuntos Corporativos, Regulatórios e Sustentabilidade da LATAM Brasil.
“Este estudo confirma o potencial da América Latina para a produção de SAF e a lógica de alinhar as abordagens de descarbonização entre países para garantir a competitividade e economia de escala. Na Airbus, estamos convencidos de que a colaboração conjunta é essencial para nos aproximarmos das metas de redução de emissões e para impulsionar uma indústria SAF que beneficie a todos”, afirma Guillaume Gressin, Vice-Presidente de Internacional, Estratégia e Operações Comerciais da Airbus América Latina e Caribe.