De um lado, infraestrutura pública ampliada e renovada. Do outro, vultosos investimentos privados. Essa parece ser a receita a partir da qual Foz do Iguaçu (PR) passa pela maior transformação e expansão turística e de obras estruturantes na história recente da cidade.
Com investimentos bilionários tanto do setor público como do privado, a cidade da Tríplice Fronteira, sede das Cataratas do Iguaçu, busca multiplicar o número de visitantes em milhões e assim consolidar-se como um destino internacional de turismo que une, além da visita às cataratas em si e compras, parques de diversões, aventura, esportes e passeios aquáticos, entretenimento, alta gastronomia, hotelaria variada, luxo e cultura. A meta é tornar-se a “Miami brasileira”.
Até 2030, estão previstos investimentos da iniciativa privada na cidade da ordem de pelo menos R$ 1,3 bilhão, de acordo com dados da prefeitura da cidade fronteiriça. São novos hotéis de luxo, expansão e revitalização dos parques existentes, incluindo o Parque Nacional do Iguaçu, onde ficam as cataratas, além de novas atrações como um aquário gigante e até a filial de um museu internacional, o famoso Pompidou.
Em contrapartida, o poder público investe outro R$ 1 bilhão para melhorar a infraestrutura, os espaços públicos para a população local e, assim, atrair mais turistas. De acordo com projeção da Associação Comercial de Foz do Iguaçu, a expectativa é de que a cidade passe dos cerca de 5 milhões a 8 milhões de visitantes anuais de hoje para até 12 milhões nos próximos cinco anos.
“Vivemos um momento muito especial em Foz do Iguaçu, no qual o poder público e a iniciativa privada trabalham de braços dados pelo desenvolvimento da cidade”, afirma Jin Bruno Petrycoski, secretário de Turismo da cidade paranaense. “Tem muita novidade acontecendo, o turismo em Foz está crescendo e temos tudo para expandir muito mais”.
Petrycoski destaca que, apenas no último ano, o turismo em Foz do Iguaçu cresceu 10%. “São muitas obras convergindo para entregar uma cidade completa para vários públicos diferentes, de todas as idades. Temos vocação para vários tipos diferentes de turismo: compras, aventura, religioso, familiar, gastronomia, alta hotelaria… conseguimos atender todo mundo com passeios para todos os gostos”, afirma o secretário municipal.
Ele destaca o crescimento nas ofertas de atividades aquáticas no lago da represa de Itaipu Binacional como um dos próximos passos na expansão das atividades turísticas na região.
Em janeiro, foi entregue a reforma de R$ 350 milhões do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, que amplia sua capacidade de dois para quatro milhões de passageiros por ano. De acordo com o Ministérios dos Portos e Aeroportos, a requalificação do aeroporto, sob concessão da CCR Aeroportos — incluiu a ampliação do terminal de passageiros para 5 mil m², uma nova área de check-in com mais de 30 balcões e esteira de bagagens automatizada, uma sala de embarque internacional conectada às aeronaves por pontes de embarque, e a ampliação da sala de embarque doméstico em 700 m². Foram gerados mil empregos diretos durante as obras.
O Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu opera voos diários regulares para os principais aeroportos do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília. Além disso, conta com voos semanais regulares para Santiago, no Chile. Durante a temporada de verão, oferece voos diretos sazonais para destinos como Recife, Maceió, Florianópolis e Belo Horizonte, chegando a operar 27 voos diários na alta temporada.
De acordo com o governo do estado do Paraná, a duplicação da Rodovia das Cataratas (BR-469) atingiu 53,17% na medição em 30 de junho. A obra da Perimetral Leste, na parte oeste da cidade, promete tirar o fluxo de caminhões da BR-469 e em grande parte separar o trânsito logístico do trânsito turístico nos arredores de Foz, nas fronteiras rodoviárias entre Argentina, Brasil e Paraguai.
A obra é resultado de uma parceria entre o governo do Paraná, governo federal e a Itaipu Binacional, sendo administrada e fiscalizada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), autarquia da Secretaria de Infraestrutura e Logística estadual. A implantação da nova pista, ligando a BR-277 e uma segunda ponte entre Brasil e Paraguai, está prevista para ficar pronta ainda neste ano.
Outras obras estruturantes — em um pacote de R$ 500 milhões em parceria do governo do Paraná com a prefeitura da cidade — incluem uma nova avenida beira-rio com orla e um enorme parque ecológico no centro da cidade. “São projetos que estavam sendo pleiteados há anos e agora acontecem ao mesmo tempo”, afirma Elaine Tenerello, diretora executiva do Visit Iguassu, um bureau de turismo e marketing para promover Foz do Iguaçu nacional e internacionalmente.
A diretora executiva explica que, em um cálculo conservador, Foz do Iguaçu recebe no mínimo 5 milhões de visitantes por ano. Com as obras estruturantes e expansão dos investimentos privados, há capacidade para muito mais.
A cidade conta várias opções de hospedagem em diversas categorias, com destaque para as opções no segmento de luxo. No fim de 2023, o Hotel das Cataratas, localizado dentro do parque nacional, foi considerado o melhor do Brasil pelo guia francês La Liste.
A rede hoteleira da cidade conta com cerca de 30 mil leitos, com uma expansão programada de pelo menos 10% nos próximos anos. “O turismo precisa de uma logística adequada para que flua e aconteça, e a cidade precisa acompanhar esse potencial de crescimento. Temos um parque nacional concedido por mais 30 anos, fazendo investimentos vultosos para receber mais gente — a cidade precisa se preparar e é isso que vem acontecendo”, afirma Tenerello.
De acordo com Danilo Vendruscolo, presidente da Associação Comercial de Foz do Iguaçu, o próximo passo no desenvolvimento da região é um trabalho em conjunto mais coordenado e próximo com os vizinhos do Paraguai e da Argentina. “Em um raio de 50 quilômetros aqui da Tríplice Fronteira, temos uma população de 1 milhão de habitantes e flutuante de 600 mil pessoas, considerando os três países”, afirma.
Segundo Vendruscolo, o próximo passo para o desenvolvimento de toda a região é a integração maior com as cidades vizinhas de Puerto Iguazú, na Argentina, e Ciudad Del Leste, no Paraguai, que junto com Foz do Iguaçu integram a Tríplice Fronteira, inclusive com um plano diretor e obras conjuntas. “Não existe na América do Sul nenhum lugar contemplado com três aeroportos de grande porte, com pistas de 3 mil metros, em um raio de 27 quilômetros, e aqui nós temos isso: o aeroporto de Foz, de Porto Iguazú e de Ciudad Del Leste. Isso significa um potencial incrível”, afirma ele.
Cataratas renovadas
Em 2024, um dos sites de turismo e avaliação de atrações mais prestigiados do mundo, o TripAdvisor, colocou as Cataratas do Iguaçu como a principal atração turística do Brasil e da América Latina, na categoria do voto popular. No ano passado, o Parque do Iguaçu — onde ficam as cataratas e “carro-chefe” do turismo na região — registrou a marca de 1.875.631 visitantes, a segunda maior da história.
Em 2019, antes da pandemia de covid-19, o número chegou a 2 milhões. De acordo com a concessionária que administra o local, a meta é dobrar e chegar a 4 milhões de visitantes nos próximos cinco anos.
Para isso, começaram investimentos que chegam a R$ 600 milhões no mesmo período, com reformulação das estruturas e caminhos existentes, centro de visitantes, além de novas opções de restaurantes, passeios e lazer dentro da área do parque. As Cataratas do Iguaçu ficam na Tríplice Fronteira do Brasil com Argentina e Paraguai.
O parque, criado em 1939, abrange uma área de 169.695 hectares de Mata Atlântica e recebeu da Unesco o título de Patrimônio Natural da Humanidade. Entre as novidades de destaque, novas opções de caminhos e trilhas em meio à Mata Atlântica nativa, com diferentes níveis de dificuldade, trilhas para bicicletas, passeios noturnos, de barco e até a possibilidade de nadar em um trecho de rio próximo às cataratas.
Por Aiuri Rebello – Especial para a Gazeta do Povo



