A retomada das operações de pouso e decolagem no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre (POA), exigiu um acompanhamento ainda mais rigoroso das equipes de segurança operacional da concessionária Fraport e da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC) que monitoram o chamado “Risco de Fauna”. Nos últimos cinco meses, a redução do tráfego aéreo e a consequente diminuição do ruído das aeronaves favoreceram o retorno de aves e outros animais às proximidades da pista do aeroporto, um fenômeno semelhante ao observado durante a queda de movimentação nos aeroportos na pandemia da Covid-19.
A partir de junho de 2024, após as enchentes, a equipe de Gerenciamento do Risco de Fauna (GRF) do Aeroporto de Porto Alegre, sob a gestão da concessionária Fraport, intensificou os esforços de remoção de animais silvestres da área operacional. Entre junho e setembro, foram retirados 548 animais, sendo 253 carcaças e 295 animais vivos, que foram resgatados e translocados para áreas seguras. As principais ações de mitigação incluem o monitoramento de bacias de detenção, captura e remoção de fauna, controle de valas e canais de drenagem, além do uso de dispositivos acústicos para dispersão de aves.
De acordo com a equipe de GRF do Aeroporto Internacional Salgado Filho, a partir de outubro de 2024, novas tecnologias foram implementadas para intensificar o afastamento da fauna da área aeroportuária. Entre elas, a utilização da falcoaria, que visa capturar e afugentar espécies que apresentam risco às operações, e o BCAS Mobile, um dispositivo acústico de alta potência que gera frequências sonoras capazes de ativar o Reflexo de Sobressalto Acústico (ASR) nas aves. Esse método inovador aumenta progressivamente a sensibilidade das aves aos sinais, melhorando a eficácia da dispersão sem causar estresse nos animais.
Além dessas ações, o Aeroporto Internacional Salgado Filho integra a rede colaborativa de 42 aeródromos no âmbito do Projeto “Estudos Afetos ao Gerenciamento do Risco de Fauna em Aeródromos Brasileiros”, uma parceria da SAC com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Esse projeto tem como objetivo aprimorar as ações nacionais para reduzir o risco de fauna, por meio da análise de DNA de animais envolvidos em colisões não significativas com aeronaves, permitindo identificar as espécies e adotar as medidas adequadas em cada aeroporto.
Em março de 2024, o Ministério de Portos e Aeroportos, como parte desse projeto, lançou a Base Nacional de Informações de Medidas de Mitigação do Risco de Fauna, na plataforma Hórus. Essa ferramenta centraliza e compartilha as estratégias adotadas pelos aeroportos brasileiros, reunindo atualmente 5.377 medidas relacionadas a 122 espécies, incluindo aves, mamíferos e répteis, e 216 grupos faunísticos. Essas informações são disponibilizadas de forma gratuita e visam aumentar a assertividade das ações de gerenciamento do risco de fauna.
As medidas contínuas de monitoramento e manejo da fauna garantem que os aeroportos mantenham elevados padrões de segurança operacional, protegendo tanto as aeronaves quanto a fauna local. Essa abordagem adaptativa reforça o compromisso do Brasil como referência internacional no gerenciamento do risco de fauna, equilibrando a segurança do transporte aéreo com a preservação ambiental.