PÚBLICO Brasil – Carlos Vasconcelos
Com 52 hotéis em funcionamento, sendo 34 em Portugal, 13 no Brasil, quatro em Cuba e um na Espanha, o grupo português Vila Galé abre as portas, no fim de outubro, de seu mais novo empreendimento, deste vez, em Belém do Pará, na Amazônia, cujas obras consumiram 30 milhões de euros. O hotel butique vai atender parte do público que participará da COP30, em novembro.
“Fizemos um esforço muito grande para que o Vila Galé Amazônia pudesse atender as necessidades da Conferência Mundial do Clima”, diz o presidente do grupo, Jorge Rebelo de Almeida. Ele aposta, porém, que o fluxo de hóspedes no hotel será constante, dada a potencialidade do turismo na Região Amazônica, assim como no Nordeste brasileiro, onde serão tocados três projetos no Maranhão e dois em Alagoas (dois), além de um novo em Florianópolis, Santa Catarina, Sul do país.
Com faturamento anual na casa dos 300 milhões de euros, o presidente do Vila Galé diz que o grupo está capitalizado para levar adiante seu projeto de crescimento. Neste momento, nove novos empreendimentos estão em andamento, sendo cinco em território luso e quatro, em terras brasileiras. “E há três em estudo”, assinala ele, reforçando: “Temos dinheiro em caixa, e reinvestimos quase tudo o que faturamos com os nossos negócios”
O empresário ressalta que, para manter a tradição de homenagens a cada empreendimento aberto, o hotel que será inaugurado em Belém do Pará será dedicado às mulheres. “Este será em homenagem às mulheres, o primeiro de outros que serão lançados na Amazônia, por que a região se tornou um destino turístico incontornável”, frisa.
Moçambique e Cabo Verde
O turismo, especialmente nos países da lusofonia, chama a atenção do dirigente do Vila Galé. Não à toa, ele diz que “sonha” inaugurar hotéis em Moçambique e Cabo Verde. Para ele, esses projetos não saíram do papel porque ainda não se criaram as condições econômicas para desenvolvê-los. “Trata-se de uma paixão pela lusofonia”, afirma.
Enquanto os empreendimentos da África lusófona não decolam, Jorge Rebelo conta que evita usar o termo “consolidação” para falar de seus negócios. Na avaliação dele, consolidar não é coisa boa, pois significa que está parado, “e, aí, é a morte”. Ele enfatiza: “As vezes, mesmo sem se darem conta, quando deixam de ter aquela energia de crescer, de desenvolver, (as empresas) começam a cair e a se acomodar, começam a adormecer”
Mas, segundo ele, não basta ter apenas uma boa forma financeira para ser sinônimo de sucesso. “Uma empresa que seja um exemplo hoje deve, além de ter um caixa saudável, ser responsável socialmente, ambientalmente e culturalmente”, ressalta.
Na visão dele, o turismo pode ser ambientalmente sustentável e andar de mãos dadas com a cultura. “O turismo preserva valores culturais, a gastronomia, a arquitetura, a música, entre outros”, observa.
Imigração
Para o presidente do Vila Galé, a presença de quase 500 mil imigrantes brasileiros em Portugal é benéfica para o país, assim como a emigração de portugueses para o outro lado do Atlântico agregou valor ao Brasil. “A emigração que tivemos para o Brasil durante muitos anos criou uma mistura de culturas. No sentido inverso, pode reparar que o mesmo ocorre hoje em Portugal”, acredita. E avança: “Em Portugal, preservamos os valores portugueses; no Brasil, preservam-se os valores brasileiros, assim como em Cuba e na Espanha”.
As caravelas dos descobridores portugueses, na opinião de Jorge Rebelo, foram trocadas, na atual realidade, por investimentos que mudam a face da economia. Por isso, são as regiões do Brasil onde há falta de investimentos, de necessidade de empregos e de criação de riquezas os alvos prioritários do grupo. O empresário ressalta, ainda, a importância de se criar oportunidades para os jovens se profissionalizarem. “E muito prazeroso vê-los encaminhados para o futuro”, sublinha.
Quanto ao futuro do Vila Galé, Jorge Rebelo vê o grupo em estágio de melhoria permanente. “Nos preocupamos muito em termos os nossos hotéis em muito bom estado, com a prestação de bons serviços”, ressalta. Ele acredita que está dando a devida contribuição a Portugal. “Entendemos que faz bem ao país continuar a crescer, sobretudo, com empresas sólidas, seguras, responsáveis”, diz. Além da rede hoteleira, o Vila Galé produz vinhos e azeites, principalmente nas regiões do
Alentejo e do Douro.
Por: Carlos Vasconcelos/ https://www.publico.pt



