A Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAVVS), órgão vinculado à Secretária de Estado da Saúde (Sesau), completa um ano de funcionamento, nesta quinta-feira (10), e amplia os seus serviços para o Hospital da Mulher Dra. Nise da Silveira, localizado no bairro Poço, em Maceió. Em uma semana, a Área Lilás da unidade hospitalar acolheu nove vítimas de violência sexual, com profissionais conseguindo fazer todos os procedimentos necessários ao atendimento dos pacientes em apenas três horas.
Entre as vítimas, uma foi do sexo masculino e oito do feminino. Destes, quatro foram crianças, de 9 a 12 anos, seguindo de dois adolescentes, de 13 e 15 anos, e, por último, três adultos, de 19 a 20 anos. No que tange à localização, cinco vítimas foram da capital, duas do Agreste, uma da Região Metropolitana de Maceió e uma do Sertão alagoano.
“Esse é um tipo de informação que ninguém gostaria de estar dando, porque é um atendimento ao um tipo de crime que comove e impacta a sociedade como um todo. Contudo, estou orgulhosa desse serviço, pois, agora, essas vítimas possuem uma assistência integral e humanizada em um único espaço físico, que é na Área Lilás do Hospital da Mulher. Os atendimentos conseguiram bater um recorde. Isso porque, em apenas três horas, realizamos os procedimentos necessários ao atendimento das vítimas. Só para termos uma ideia, as vítimas, na maioria das vezes, quando a RAVVS não existia, chegavam a ser atendidas em um período de 12 a 15 horas, do momento em que faziam o Boletim de Ocorrência até a hora de serem atendidas por um médico no hospital”, destacou Camile Wanderley, coordenadora da RAVVS.
A Área Lilás do Hospital da Mulher proporciona atendimento integrado da saúde e segurança pública, cujo objetivo é assistir à vítima de violência sexual de forma acolhedora, rápida e eficaz. O espaço conta com uma equipe multiprofissional capacitada para realizar o atendimento humanizado, por meio de psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, ginecologistas, pediatras, médicos peritos e policiais civis, promovendo a assistência integral em um único espaço.
O ambiente foi preparado com todo o cuidado, contando com recepção própria, local de acolhimento da família, consultórios, leitos de observação, espaço do chá, árvore da esperança e fraldário. No local, são ofertados serviços de atenção às vítimas de violência sexual, tais como profilaxia das infecções sexualmente transmissíveis (IST) e HIV, anticoncepção de emergência, exames laboratoriais, coleta de vestígio, aborto previsto em lei, boletim de ocorrência, assessoria jurídica, grupos de apoio e acompanhamento médico e psicossocial por até seis meses após a violência.
“O tempo de resposta do atendimento é muito mais rápido. Essa vítima está blindada por meio do sigilo. A Área Lilás foi preparada para minimizar o impacto desse trauma. Então, é com muito orgulho que falo para toda a população alagoana, que o espaço está funcionando com toda a estrutura que compete a ele, a fim de atender as vítimas de violência sexual do nosso Estado”, frisou Camile Wanderley.
Como acionar – De acordo ela, a Área Lilás é porta aberta, ou seja, toda e qualquer vítima do Estado que sofra de violência sexual pode ser direcionada para o Hospital da Mulher sem necessariamente ser marcada a consulta. Ao chegar à unidade hospitalar, a vítima é recebida pelas recepcionistas e, logo após, encaminhada até a Área Lilás, onde vai receber toda a assistência não só dos profissionais que atuam na área da saúde, mas também dos que trabalham na Segurança Pública.
“Por exemplo, aconteceu uma violência sexual e o conselheiro tutelar é do munícipio de Messias, ele pode vir até o Hospital da Mulher com essa vítima e iremos fazer todos os procedimentos na Área Lilás”, explicou Camile.
Quem pode ser atendido – O público-alvo da Área Lilás são as mulheres, bem como as crianças de ambos os sexos de até 12 anos de idade. Contudo, o Hospital Geral do Estado (HGE) e o Hospital Geral Professor Ib Gatto Falcão, em Rio Largo – que também possuem profissionais da RAVVS –, estão abertos 24 horas por dia, para receber as demais vítimas de violência sexual, uma vez que os homens, as pessoas LGBT e os idosos sofrem, de igual modo, com esse tipo de crime.
“É um trabalho que está sendo feito com muito carinho e profissionalismo, com uma equipe preparada para poder acolher esse tipo de paciente. Contamos com a sociedade alagoana, os conselheiros tutelares e a sociedade civil como um todo, para que possamos divulgar situações como essa e combater esse tipo de violência em nosso Estado”, defendeu Camile Wanderley.