As mudanças climáticas vêm alterando negativamente os padrões globais de clima, segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Levando-se em conta os últimos dois milhões de anos, as concentrações de Gases de Efeito Estufa (GEE) estão em seus níveis mais altos e, como reflexo, a terra está agora cerca de 1,1 °C mais quente do que no final do século XIX, o que trará diversos impactos climáticos.
Por conta disso, a Ramboll Brasil, braço brasileiro de uma das maiores consultorias ambientais do mundo, alerta para os riscos de rompimentos de barragens de rejeitos. De acordo com a consultoria, o número de rompimentos vem aumentando anualmente. Cerca de metade das falhas significativas de barragens de rejeitos nos últimos 70 anos ocorreram entre 1990 e 2010. Na América do Sul existem cerca de 1.200 minas com barragens de rejeitos em operação e muitas outras abandonadas ou desativadas.
Um dos casos mais recentes ocorreu em janeiro de 2022, quando a barragem da Pilha Cachoeirinha, situada no empreendimento Mina Pau Branco, da empresa Vallourec, localizada em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), transbordou. Embora sem vítimas fatais, a lama que invadiu a rodovia BR-040 impediu o trânsito nos dois sentidos e provocou danos socioeconômicos e socioambientais, o caso trouxe à tona as lembranças de outros traumas semelhantes como a catástrofes em Mariana (2015) e Brumadinho (2019) que tiveram suas barragens de mineração rompidas.
Um passo importante no Brasil para evitar futuras tragédias foi a proibição de barragens de alteamento montante, mas que necessita de atenção. Dados de 2020 e 2021 do Relatório de Segurança de Barragens aponta que, dentre as 877 barragens de mineração listadas pela Agência Nacional de Mineração (ANM), 10% enquadram-se como de alto de risco, um número ainda preocupante e que precisa de ações fiscalizatórias para reduzir os riscos associados as estruturas.
Dessa forma as barragens precisam se preparar e estar prontas para mudanças positivas, em ações estratégicas das maiores companhias de mineração mundiais constam diversas medidas operacionais, como a identificação de riscos, avaliações geotécnicas padronizadas, operações de manutenção, manuais de acompanhamento do ciclo de vida dos ativos e o plano de fechamento ou descaracterização das barragens.
Na área de gestão, as principais iniciativas adotadas tem sido a formalização das responsabilidades chaves, a comunicação efetiva com as comunidades locais onde a legislação local não é suficiente, a criação do departamento corporativo, a melhoria de programas, procedimentos, recursos e documentação e da governança.
Tais medidas têm em seu escopo a atenção às mudanças climáticas, que não é um fenômeno recente. De fato, as considerações ambientais sempre foram um aspecto integral de como as instalações de armazenamento de rejeitos são projetadas e operadas.
A diferença é que, nos últimos anos, o impacto crescente dessas mudanças exige que novas tecnologias e novas maneiras de antecipar e mapear riscos sejam urgentemente aplicadas, a fim de que sejam incorporadas soluções de segurança adicionais a estas estruturas.
Conforme análise da própria Ramboll, a região sudeste, onde concentra boa parte das barragens, terá um aumento de temperatura de 1º a 8º e aumento na concentração de chuvas.
SOBRE A RAMBOLL,
A Ramboll é uma empresa de dinamarquesa líder em engenharia, arquitetura e consultoria ambiental, figurando entre as maiores do mundo. Ela foi fundada em 1945 e, hoje, está estabelecida em 35 países e 300 escritórios ao redor do mundo.
Emprega 16.000 pessoas em todo o mundo, desenvolvendo projetos sustentáveis na área de transporte, planejamento urbano, energia renováveis, saúde, meio ambiente, dentre outro.
Foto: Agência Brasil | EBC