O secretário-geral da conferência mundial A World for Travel, que decorrerá em setembro, em Évora, Portugal, disse que a pandemia acelerou a necessidade de “passar à ação” e transformar a indústria do turismo, em termos de sustentabilidade.“Pensamos que é o momento para transformar o modelo da indústria do turismo e viagens, foi por isso que criamos este Fórum. […] É a primeira vez que a indústria do turismo se vê confrontada com esta transformação. O que a pandemia fez foi acelerar a necessidade de transformação e de evoluir”, afirmou o secretário-geral da A World for Travel, Christian Delom, citado pela Agência Lusa.
Nos dias 16 e 17 de Setembro, Portugal recebe a primeira edição da conferência mundial sobre turismo sustentável A World for Travel – Évora Forum, na Universidade de Évora, promovida com o apoio da Visit Portugal.
A iniciativa contará com mais de 140 palestrantes internacionais de diferentes áreas, entre os quais a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, o secretário-geral da Organização Mundial do Turismo, Zurab Pololikashvili, e o secretário de Estado do Turismo de França, Jean-Baptiste Lemoyne.
Na conferência será também apresentado um plano de ação para 2020-2023, com propostas e objetivos para o setor.
Conforme explicou Chriatian Delom à Lusa, a ideia é que se assuma um compromisso com a adoção de medidas em várias áreas (ambiente, responsabilidade social, entre outras), que será alvo de avaliação e adaptação a cada ano.
Para o responsável, este é o momento certo para “passar à ação” no que diz respeito à adoção de comportamentos mais sustentáveis, bem como socialmente e economicamente mais responsáveis na indústria do turismo, uma vez que ainda se está no início da recuperação da pandemia de covid-19, que afectou severamente o setor.
“No final deste processo, as pessoas vão viajar menos, mas para mais longe – talvez para perto, se quiserem ir passar apenas um fim de semana fora -, com mais senso e respeitando mais a sustentabilidade e o ambiente”, considerou Christian Delom, que disse também acreditar que serão também os turistas a “pedir” a transformação do setor.
“Nós sabemos, por exemplo, que o ‘slow tourism’ [turismo lento, traduzido do inglês, que é uma forma de turismo alternativa ao de massas, com ênfase na sustentabilidade] já não é só de nicho, mas sim uma realidade”, acrescentou o responsável, referindo que as mudanças no comportamento dos consumidores estão a acontecer e que é preciso que a indústria saiba responder a esses novos movimentos.
Desta forma, sublinhou, a “educação é crucial”, tanto no caso dos trabalhadores do turismo, como dos viajantes e até dos próprios governos.
“Temos de educar todos os ‘stakeholders’, até os institucionais, para que tenham isto [a transformação] em consideração, até porque temos muito que investir nesta mudança”, referiu Delom.
Quanto ao futuro do turismo, o secretário-geral da A World for Travel acredita que a procura se manterá, podendo até crescer, uma vez que cada vez mais pessoas têm possibilidade de viajar, mas admitiu alguma preocupação com as viagens de negócios.
“Nós agora sabemos que conseguimos ser eficientes [sem viajar em negócios] e isso vai diminuir a procura por este tipo de viagens”, apontou, referindo-se às ferramentas para videochamadas, massivamente adoptadas desde o início da pandemia, para, por exemplo, continuar a realizar reuniões de trabalho, sem necessidade de sair de casa.