O mercado do chamado “turismo de saúde” cresceu e tende a crescer ainda mais, segundo um estudo realizado pela Glasgow Reserarch & Consulting, que aponta patamares de faturamento de US$ 180 milhões, ou cerca de 177,5 mil milhões de euros, em até 2025.
O estudo refere que os mercados da saúde em desenvolvimento poderão vir a aproveitar a tendência de atrair pacientes de rendimentos mais altos de países ricos, principalmente os estéticos e odontológicos, onde procedimentos são mais caros e não contam com custeio dos governos.
Atualmente milhões de residentes dos EUA procuram o “turismo médico”, ano após ano, viajando para os países vizinhos, como México ou Canadá, onde os procedimentos médicos são mais baratos.
O estudo agora divulgado pela Glasgow Research & Consulting sugere que essa procura crescente pode representar uma grande oportunidade para instituições e clínicas de saúde em todo o mundo nos próximos anos.
De acordo com a empresa de consultoria estratégica, o valor total do mercado global de turismo médico pode aumentar em 9,7% (taxa de crescimento média anual) até 2025, estimando em cerca de 44 milhões o número de pessoas que podem vir a cruzar fronteiras para assistência médica todos os anos.
Os números indicam que o mercado de turismo médico valia, em 2019, cerca de 105 mil milhões de dólares, tendo caído, naturalmente, em 2020, com as restrições impostas pela COVID-19 às viagens.
Contudo, com o levantamento gradual das restrições no mundo e os sistemas de saúde a sofrerem dos impactos causados, este mercado tornar-se-á, novamente, atrativo.
Assim, as previsões apontam para que, em 2023, cerca de 27 milhões de pessoas quererão viajar para tratamentos médicos, fazendo com que o mercado cresça e atinja os 120 mil milhões de euros, estimando-se que, em 2025, possa chegar aos 182 mil milhões de dólares.
Em 2021, dizem os dados do estudo, lideravam os tratamentos oncológicos, cardiovasculares e neurológicos e embora o número de pacientes seja mais reduzido nestes segmentos, é verdade que as pessoas interessam-se por este tipo de tratamentos considerados vitais, apesar dos custos altos dos tratamentos destas especialidades. O estudo assinala, de resto, que o custo médio de um tratamento na especialidade de oncologia possa ultrapassar os 16 mil dólares, subindo para os quase 18 mil na cardiologia e cerca de 13.500 na neurologia.
Pacotes
Por sua vez, a descida do custo das viagens aéreas ajudou para o aumento das viagens médicas, pois os pacientes são mais capazes de gerir tanto a tarifa de uma viagem de longa distância como o custo geral do tratamento no exterior. E mesmo com o regresso de preços mais altos, as conclusões do estudo apontam para que os operadores possam atrair novamente os “turistas médicos” para regiões como a Europa ou Médio Oriente.
Contudo, o turismo médico também acarreta riscos, sendo que muitos destinos apresentam hospitais que podem estar mal equipados para lidar com complicações cirúrgicas ou o paciente poder entrar em contato com doenças infecciosas que são bem controladas no seu próprio sistema de saúde ou bactérias resistentes a antibióticos, além de se poder vir a exigir cuidados prolongados, o que poderá vir a ser dificultado pelo facto de se tratar de turistas num país externo.
Portugal
Em Portugal, centenas de portugueses procuram o Brasil, para realizar cirurgias estéticas e tratamentos odontológicos. A princípio, a cidade do Recife foi a mais procurada, devido a presença do Real Hospital Português, referência em atendimento médico e que levava segurança aos portugueses, mas a busca se amplia como para Salvador e agora Maceió, que possui voos regulares semanais.
Atualmente, muitos europeus buscam realizar implante de cabelos no Marrocos, país que fica a menos de uma hora de viagem de avião de Lisboa, e onde o procedimento é 70% mais barato que na Europa.
A classe médica brasileira ainda não despertou para o mercado do turismo de saúde, para atrair clientes europeus, aproveitando os voos regulares diretos de Lisboa. Há casos de empresas odontológicas que estão se instalando em Lisboa, Porto e outras cidades portuguesas, num caminho contrário ao turismo de saúde e tendo que arcar com altos custos de manutenção, além de enfrentar o corporativismo dos profissionais portugueses e as ações de fiscalização rigorosa das autoridades daquele país, que terminam se rendendo a competência dos brasileiros e a falta de mão de obra na área da saúde.
Próxima reportagem: Como Investir em Divulgação no Mercado de Turismo de Saúde e atrair clientes.