
Quem visita a cidade histórica de Água Branca, de junho a agosto, curte um friozinho danado de bom do inverno do sertão alagoano, mas este destino é bom em qualquer estação e um dos lugares mais bonitos para apreciar o município e seus arredores, é o Mirante do Calvário. Lá no quiosque da Tia Dora tem o licor de rosas para aquecer o coração, o feijão andu com galinha guisada, e o bom humor da anfitriã cativando os visitantes. Mas, não esqueça, vá até o Engenho São Lourenço provar o sorvete de rapadura, a doçura dos sertanejos.
Os sabores do Sertão são bem guardados pela alagoana Doralice Maria da Silva, a simpática Dora, lá no Mirante do Calvário. No seu modesto quiosque de culinária regional, os licores de frutas e de flores dão saúdam quem chega à cidade. A bebida é delicada ao paladar e aromática. Dora colhe as rosas conhecidas como “sangue cristo”, porque é mais vermelha e cheirosa, retira as pétalas e coloca numa infusão de mel de abelha e vodka por um período de um ano, e quando mais tempo melhor. “Todo Natal era lindo, tinha apresentação do folguedo Chegança, e minha mãe preparava e servia o licor de rosas, porque era dia de festa”. Lembra Dora.
Dora nasceu em Mata Grande, aos cinco anos mudou-se para Água Branca. Da sua mãe, a indígena Graciliana Maria, também herdou o talento para a cozinha. Com ela aprendeu a apreciar o feijão andu verde, conhecido como “ervilha de pobre” pela semelhança entre ambos os grãos. O feijão é colhido de agosto a dezembro, é comercializado na feira da cidade. Uma lata (1 litro) custa R$ 10,00 e rende um saboroso grão com legumes.
Feijão de andu é fonte de proteínas e minerais, como ferro, cálcio, magnésio e fósforo, além de carboidratos complexos, e se faz presente na mesa dos alagoanos do modo de fazer mais simples. É lavado na água corrente, depois cozido na água e sal, escorre para ser refogado no alho, cebola roxa, banha de porco, e água para cozinhar. Na receita tem abóbora, maxixe e coentro. Para acompanhar, o clássico do sertão, a galinha guisada, mas segundo Dora, com torresmo é comer nos céus.
Doce do Sertão – Depois das comidinhas da Dora, a sobremesa é no Engenho São Lourenço, de 1920, patrimônio cultural e gastronômico da cidade, produz rapadura, açúcar mascavo e alfenim (doce). Uma das estrelas da casa é o sorvete de rapadura. A receita é da matriarca Silvia Medeiros, alagoana de Delmiro Gouveia, casada com Mauricio César Brandão, herdeiro do “Vó Lenço”, fundador do Engenho.
A alagoana fez o sorvete de rapadura a pedido de um cliente, adaptou a receita da mãe, que ficou arretada, doce mel suave, com fios do mel de engenho e é inesquecível
Água Branca – Caminhar pelo centro histórico de Água Branca é muito além de apreciar sua arquitetura colonial, nesta cidade sertaneja, Delmiro Gouveia foi o primeiro turista. O empreendedor cearense ficou hospedado na residência do Coronel Ulisses Luna, e trouxe o desenvolvimento para o Sertão.
Já o temido Lampião, no ano de 1922, assaltou o sobrado da Baronesa de Água Branca levando o patrimônio pessoal da nobre sertaneja. A residência do Barão de Alagoas continua elegante e atualmente pertence à prefeitura, que irá transformar espaço cultural.
O centro histórico é pequeno e o povo diz brincando que “´é apenas uma rua”, mas repleta de beleza da arquitetura colonial nos casarios. A primeira lindeza, a capela Nossa Senhora do Rosário, é do ano de 1770. Na outra ponta da rua, fica a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, construída pelo Barão de Água Branca, no século XVIII. Todo o altar tem decoração barroca.
Água Branca do inverno ao verão reúne história, beleza arquitetônica e comidinhas sertaneja pra cabra nenhum botar defeito.

Água Branca, sertão alagoano
246.67 km de Maceió
Quiosque Tia Dora
Mirante do Calvário
Funciona De Quinta a domingo das 8h até 19h/ Telefone: (82) 99993- 5518/ 99651-0519
Engenho São Lourenço (@engenhosaolourenco)
Tv. Lourenço Bezerra de Melo, s/n – Chácara São Lourenço, Água Branca/ Telefone: 82 99902-9468
Funciona Sábado e domingo das 11h às 17h/ Terça a sexta: 11h às 16h/ Fechado as segundas.